sábado, 14 de junho de 2014

Para sempre - Carlos Drumond de Andrade

''Por que Deus permite
 Que as mães vão-se em bora?

 Mãe não tem limite
 É tempo sem hora,
 Luz que não apaga
 Quando sopra o vento
 E a chuva desaba,

 Veludo escondido
 Na pele enrugada,
 Água pura, ar puro,
 Puro pensamento.

 Morrer acontece
 Com o que é breve e passa
 Sem deixar vestígio.
 
 Mãe, na sua graça,
 É eternidade.

 Por que Deus se lembra
 -Mistério profundo-
 De um dia tirá-la?

 Fosse eu rei do mundo,
 Baixava uma lei:
 Mãe não morre nunca,
 Mãe ficará sempre junto de seu filho,
 E ele, velho em bora
 Será sempre pequenino
 Como grão de milho.''

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