segunda-feira, 12 de maio de 2014

Eu te amo e enter.

A internet mudou minha vida. Eu, mais do que ninguém, posso dizer isso. Digamos que ela me abriu as portas, janelas e, se bobear, até uma passagem secreta para o amor. Como assim? É que praticamente todos os caras com quem já me relacionei, por quem me apaixonei e que conquistei até hoje foram através dela. Há alguns anos, eu achava o máximo tudo isso. Imaginem só, a menina mais tímida da sala poder conversar com o mais popular e ainda dar boas risadas de coisas banais se ninguém apontar ou julgar. Ah, minha época de MSN 24 horas por dia. Foram tantos casinhos madrugada a fora! Tantos Thiagos, Felipes, Lucas...No fundo, na época, eu precisava de alguém pra me ouvir, e eles eram realmente bons nisso.

   Eu contava sobre meu dia, sobre meus medos, minhas brincadeiras e até uns segredos que poucas pessoas que conheço pessoalmente sabem. Sim. Eu também já disse ''eu te amo'' pra uma pessoa que era especial, mas que, não, eu não amava. Sempre que assisto a um filme em que esse tema é abordado ( Amor e outras drogas, assisti ontem), me questiono sobre o assunto. Logo eu, que acredito tanto no sentimento amor, já falei sem querer e sentir que amo. Pela internet, mas falei.

   Percebo que isso acontece muito hoje em dia. Cada vez mais e mais. Somos a geração ''Eu te amo e enter''. É tanta (falsa) intimidade! Vejam só: temos acesso livre ao álbum de fotografias (esse nós veríamos depois da apresentação dos pais), depoimentos emocionantes (esse só no aniversário de 15 ou 18 anos), conversas com outros amigos (atrás da porta ou na mesa ao lado), filmes prediletos (indo de mãos dadas à locadora pra alugar).
   Depois de alguns minutos de conversa, pronto, já sabemos quase tudo sobre o outro. Mesmo sem os famosos ''olhos nos olhos'', nos sentimos próximos da pessoa. O suficiente pra compartilhar momentos e frustrações. Principalmente frustrações. Já reparou? As pessoas nunca são felizes na internet. Caio.F. Abreu nunca foi tão citado.
   Bem, vocês sabem, o coração não quer saber se a pessoa está perto ou longe. Se é rico ou pobre. Popular ou antissocial. É só arrancar boas risadas, ser inteligente, gostar de ouvir e dar conselhos e pronto. Você já tem um novo affair. Ele parece legal, tem tudo pra dar certo. Se isso vai durar? Talvez. Sempre me perguntam: O amor é pra sempre? Sei não. Pra mim, as pessoas têm uma concepção meio errada do que é eterno. Pra sempre não quer dizer que isso ou aquilo vai durar até o resto de seus dias, quer dizer que você nunca esquecerá.
   O amor virtual não se resume a um ''L'' entre parênteses na tela de um PC. O amor verdadeiro, mas só de verdade, acontece aqui dentro, naquele lugar onde ninguém consegue tocar, só sentir.
    Nem no cérebro nem no coração, na alma. Pouca gente enxerga isso. Mas a maneira como se esse sentimento tão nobre se manifesta não é importante. Um beijo é bom, é sim. Mas uma palavra de conforto em um momento difícil e uma risada enquanto escapa uma lágrima, pra mim, valem muito mais!

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